terça-feira, junho 28

Você



As cortinas se abrem e hoje a luz é mais forte
o brilho do sol se infiltra pelas frestas do telhado,
seu calor me atinge, aquece e alegra
É a chegada da primavera, o retorno desta quimera
As folhas do outono foram sopradas para o lado oposto
quando seus passos abriram a porta
O murmúrio, que era do vento, silenciou,
tornou-se nada, já não ouço os cavalos,
tampouco o tic-tac passado.
Sua presença se faz doce melodia
a preencher os minutos do meu dia
O sabor das horas é mais leve e atraente quando sei que te verei
Minhas mãos, antes vazias, frias e sozinhas
têm hoje o seu perfume, seu rosto e gosto para guardar
O ritmo do meu coração compassa nosso encontro
A vida que floresce no jardim
anuncia a estação que colore minhas palavras
ao pensar em ti, ao pensar que hoje
VOCÊ é o nome da poesia da minha vida.

(André, te amo!)

quarta-feira, abril 6

Antessala



Sala pequena, mesinha carregada de umas revistas com novidades e modas de três anos atrás, outras sem capas, sem páginas, todas sem me causar interesse, sem puxar meus olhos... muito menos minhas mãos. Ar condicionado e musiquinha calma, estrangeira, em volume que a forçava a se perder entre meus pensamentos, que se movimentavam tão rápido a quase se fazerem ouvir pela senhora da poltrona em frente, que vagarosamente desfolhava algo – não pude reconhecer, pela falta de atenção mesmo... tamanha quantidade de vozes em minha mente. Tantos problemas a serem resolvidos, tantas questões a serem pensadas e a agitação de não saber por onde começar. A expressão nervosa de tudo isso me fazia crer que o tempo da antessala passava vagarosamente pelas batidas dos ponteiros daquele relógio que eu não via, apenas ouvia... a pressa não me permitiu percorrer os olhos pela sala... “perda de tempo!”. Tempo que não passa o suficiente para eu ser chamado, mas que voa o suficiente para eu não dar conta de tudo o que deveria resolver hoje!

terça-feira, março 8

Euforia


Euforia
Euphoria
estado em que
eu poria tudo
E tudo de mim
ia do
eu pra fora!

quarta-feira, março 3

O tempo do trem!


Afinal, quando nos damos conta, o tempo já passou!

Se não olhamos, o trem da vida leva tudo para o lado oposto ao que estamos: o longe!

Longe fica o que passou e toda sabedoria da infância...

Por que, antes, sabíamos que o trem e o tempo têm o mesmo papel e o mesmo som?

tic-tac! tic-tac! Faz o tempo que não vemos!

Piui! tic-tac! tic-tac! Faz o trem que já passou!
Tic-tac: o tempo do trem da vida!


segunda-feira, dezembro 7

Exemplos...


Correr pelo campo ensolarado de girassóis;

Dançar na chuva sem medo de resfriados;

Abrir os braços para sentir o vento me abraçar;

Rodopiar mil vezes até cair sem sentir dor;

Impulsionar o balanço com toda força;

Chorar até colocar todas as dores para fora;

Pular o mais alto possível, quantas vezes aguentar;

Sorrir aberto, com o coração disparado e a alma leve;

Ter macio o chão sob meus pés e leve o ar ao meu redor;

Ouvir doces e alegres melodias,

Poder dançá-las sem errar o passo

...

Estar com você é ter vários exemplos de como posso, presa às tuas asas, voar a liberdade do amor.

segunda-feira, novembro 23

Bom Dia!



No sorriso da manhã ficou morna a sensação lenta do amanhecer...


Ficaram em mim as impressões das suas palavras e a velocidade do seu olhar no ritmo gracioso da música do seu riso...


Fica aqui, em mim, o estado florido de todas as coisas quando é o dia seguinte.


Deixo para você a capacidade de traduzir o que o dia seguinte carrega


Deixo no ontem as palavras, o olhar e o riso


Deixo para amanhã a não-lógica que arrasta o carinho da lembrança até o sorriso da manhã do dia seguinte...


... Bom dia!






FRS

segunda-feira, agosto 24

Saudade


Tenho ainda aquele pingente de presente
guardo bugigangas no cofrinho que é meu maior tesouro!

Gosto do gosto da sobremesa que me deu
que há anos se mantém e nunca mais ninguém comeu!

O passarinho que ganhei quando nasci continua livre
e continua me dizendo que o dia nasceu para mim!

Chorei quando o peixinho boiou por mais tempo...
percebi que não foi comigo à lojinha, mas que me deixou o carinho guardado dentro do vidro do aquarinho!

O calorzinho das suas mãos ainda segura a minha!
O seu guaraná será sempre você à mesa.

A bala que ganhava e não aguentava terminar
hoje não ganho e mal aguento me lembrar

O seu abraço já me fez adormecer
já brincamos e até mentimos para nos proteger!

O doce escondido ainda carrego no bolso
assim como o jogo, a pipa, a bola e a música que ainda ouço!

Uso minhas lembranças para nunca se perderem...
Uso seu sorriso nas melhores ocasiões!
Você não me deu tchau, mas com as reticências eu posso acreditar no reencontro!
Só escrevi para dizer que nunca me esquecerei do que fomos e do que somos nós!

Francine.

segunda-feira, agosto 10

Reflexos do tempo.

Sr. Tempo, por favor conceda-me um instante para argumentar!
Aceito que o espelho continue aqui, mostrando-me os reflexos e consequências do passado, mas com a condição de ele não me deixar esquecer quando sonhava em poder alcançar a minha própria imagem, e ele meu amigo, me sorria a luz do sol, que vinha da janela e que dava pro quintal...

Francine.

segunda-feira, julho 13

Um debate interno - mente.



Tantos pássaros, o azul limpo, macio, alegre e quieto, tranqüilidade à sombra dos cantos e pios, que só festejam aos meus olhos.
Abaixo, sob os pés, o fogo, vermelho, brasa, queima e dilata, corrompe, chora, grita e sofre.
Com o rosto à brisa morna, reflito, choro, sorrio, cerro os olhos e sinto, o branco na nebulosa e macia imensidão, vasta ilusão, esperançosa e aflita.
A ansiedade me toma, abro novamente as cortinas deste esplêndido cenário, de braços com a felicidade atormentada dos vivos, cabelos ao vento frio e aconchegante da solidão intimista e evolutiva dos chamados “mortos”.
Corro pelo campo imenso da mente, do inconsciente, sem me mover percorro, com a frágil velocidade do som do meu riso, meu coração se espalha sem tocar o chão, como a procurar o suave e penetrante aroma das flores que paira ao meu redor e me abraça, inebria, fortalece e me derruba sobre folhas secas, nariz à terra, volto ao fogo, à brasa, assusto, estremeço. Repentinamente asas, auréola: anjo?, não. Ilusão, fantasia... Me debato.
Janelas abertas ou trancadas à interpretação da mente, dos sentimentos. Face aparente belíssima, enganadora alegria de fracos, maciez de roseira, ludibriosa e viciosa, paradoxa, que é filha da ganância dos humildes simplistas e irmã do orgulho nobre da plebe, que me entontece, judia, influencia... Me debato.
Novamente os pássaros, as copas das árvores, mas com o toque fugaz do silêncio mórbido e perturbador do sono de um detento, cárcere de sua mente: Eu. de seus limites: Eu... Debato-me.
Equilíbrio, me prendo às correntes das fronteiras imaginativas da solidão interior, calmaria, morte de tudo quanto é vivo e ágil, veloz. Cessa o choro complacente que não vê a luz obscura das entrelinhas da felicidade confortável, porém pontiaguda e estreita de uma sonhadora mente... Não me debato.
De pés atados ao verdadeiro ponto de partida, pista vasta e espinhosa, ou justa e gratificante, reta de chegada: Eu. Vejo-me com equilíbrio, agora flutuo sobre a brasa, mas não alcanço os pássaros, a brisa não me toca, nem anjos, nem o vermelho chegam a mim... Apenas flutuo sobre o almejado equilíbrio do debate interno humano, quanto à mente, quanto ao sonho, quanto à verdadeira realidade. Não me movo, apenas a constância, a indiferença ao universo, pairo no tempo, nos sentimentos, no conflito... Equilíbrio... Ponto.



Francine (2004).

segunda-feira, junho 29

Noite



O sol brilhou um dia à minha janela, eu estava ocupado e tentava acordar e cumprir com todas as obrigações, não o vi. Durante o dia andei atarefado, pensativo, sério, realizando tudo o que esperavam de mim, tendo todos os comportamentos necessários, seguindo todas as regras e falando apenas o que seria adequado àquele contrato que assinamos quando nos propomos a servir os papéis que esta automática sociedade nos impõe. Estava sério demais e ocupado demais para ver quando o sol foi embora.



Francine.

segunda-feira, junho 15

Lágrimas no vidro.



Ontem me lembrei de você quando vi seu retrato. Estive pensativa o resto do dia, quase vi seu rosto por entre as lágrimas que caiam do céu, acho que foi São Pedro vendo seu retrato. Quis te abraçar e não pude, meus braços não te alcançaram, então quis gritar, e não pude, o silêncio ainda é a melhor forma de conter a lembrança dentro de nós.
Francine.

quarta-feira, junho 3

Estação da Luz e do Som!

Luz e música fazem parte da passagem... seja da vida seja da saída de uma estação.
Escadaria para a Mauá... um senhorzinho com sua flauta... escapam-se sorrisinhos... e ele não vê de quem...
Deus o conserve ali, todas as quartas!

segunda-feira, junho 1

ssssssssilênccccccio



O Silêncio
que grita na solidão
que ri no momento
que aconchega amigos
Este silêncio
displicente do olhar
leve, airoso na dança
cativante, sorrindo
Um silêncio
abriga sentimentos
aproxima as mãos
cala os corações
Aquele silêncio
trouxe uma lembrança
denunciou esta saudade
fixou a esperança
Silêncio mole e calmo
que transcorre a noite
Silêncio precoce
que incomoda a insônia
Irritante silêncio
que centra em si todo seu possível movimento
Desejado, essencial,
quando não há!
Silêncio
que antecede a palavra
ou que segue a gafe
Silêncio de dor
de respeito/ de amor
secreto, escondido
preenchido
pela cor
da arte
pelo sabor
leitura
silenciosa e sozinha...
aquece, toca, baila, envolve, surge...
se faz...
Novo Silêncio!
...que se perpetua nas reticências...
...
...sssshhhiiu...

Francine.

segunda-feira, maio 25

...




Um ponto, individualista e egoísta, encerra, coloca a placa de "não perturbe", te afasta do que foi dito, te distancia das nobres palavras postas... postas soberanas e inquestionáveis.
Dois pontos, explica, te ajuda, mostra para as soberanas anteriores que podem ter companhia sem serem prejudicadas, mas serem ainda mais valorizadas, por serem compreendidas e exemplificadas, ou justificadas;
Um traço, individualiza, coloca em exibição a fala de alguém, singulariza a explicação que os dois pontos, humilde demais, não daria conta, ele quer se aparecer, se prolonga e destaca o que vem em seguida
... Ele em pé, se admira, clama seus olhos e ouvidos ao que disse, se mostra alegre ou descontente, é um exagerado, exibido... Adora chamar a atenção de todos, às vezes se coloca várias vezes, e acha que daria conta do recado mesmo sem as soberanas palavras.
... O mesmo traço, se coloca curvado e acompanhado de um ponto para te convidar para a conversa, te exige uma posição, ou te pressiona contra a parede, fala o que as soberanas bem entendem e depois espera que você se posicione, concorde ou não com elas, mas desde que tenha uma justificativa, então ele, com o poder de trazer o outro para a conversa, também se torna exibido, chega a ser acompanhado pelo exagerado. Ah! Os dois juntos são um perigo...
Um traço, que ainda é criança, humilde, natural e sincero, se curva diante das palavras, aos seus pés, como um súdito, faz com que outras palavras se acumulem, atrelem, expliquem, sugiram, completem, ou compliquem! este é o queridinho das soberanas, se tornou o mascote e em quase todas as falas ele está lá, aparece várias vezes para ajudar. Mas não se iluda! Ele pode ser perigoso!! Se se coloca em posição indevida, quando se rebela, ah, este pode ser mortal...
Há nesta família a mais charmosa, a que elegantemente se encaixa na fala, mas que quando é utilizada na escrita, ah, então ela, demoradamente, se espreguiça, prolonga todo significado já dito, é como uma sombra das soberanas, esta formosa é chamada no plural, de tamanha a importância que lhe é concedida, mas não é para menos, ela é capaz de dizer o que as soberanas não conseguem, ela traduz o que o olhar lança, o que o sentimento vibra, o que o dicionário não carrega. Como extensão e prolongamento do que é ou não é dito, ela se alonga demoradamente, suspira no espaço onde não caberiam soberanas...
Contudo, toda esta família trabalha para as soberanas, construídas uma a uma, equilibradas aos pés do longo caminho de uma linha, uma voz, um ritmo e melodia, uma folha, um tecido ou um espelho, ou onde quiser... onde você quiser colocar sentido, discutir motivos, justificar ações, demonstrar emoções, explicar sentimentos, escolher opções ou...
...
Ahhh, como são, por mim, amadas as formosas... a sombra da minha construção, do meu anseio de explicação, discussão, demonstração... elas cabem tão bem aqui, exatamente aqui, onde e quando já não sei mais continuar...




Francine.

segunda-feira, maio 18

Sem acreditar...



Dizem que noite amanhece, chuva floresce e fogo aquece.
Não sei como te dizer que não acredito em tudo que escuto, mas posso sentir tudo o que acontece.
Não aprendi como enganar a dor, matar as fomes, secar as lágrimas, grudar as mãos.
Conheci a noite, me molhei na chuva e me queimei com o fogo, e é isso... e nada substitui: a música ouvida, o amor sentido, o orvalho visto, o ritmo dançado, o amanhecer apreciado, a companhia tida, o abraço dado, o olhar lançado e a vida vivida.
Saudade é a última palavra usada, quando se sabe, é claro, que tudo valeu a pena, que a noite amanheceu, que a chuva floriu e que o fogo aqueceu... mesmo quando não acreditei!


Francine.

segunda-feira, maio 4

Mamãe


Quando Deus a escolheu,

Pôs em suas mãos o poder da bondade;

Em seus olhos, o brilho da alegria;

Pôs em seu coração o amor supremo;

Em seu ventre, a corrente da vida;

Em sua boca, pôs as melhores palavras...

de confiança, de perdão, de esclarecimento,

de educação, de formação, de acalento...


Fê-la viver e sonhar, sentir e se emocionar.


Firme, mas delicada e doce,

amiga, sempre presente e responsável,

companheira e sensível,

e ainda com força e coragem!


Pôs em seus braços o filho,

que também é dEle.

Pôs, então, em minha vida, este ser...

que é base, é carinho e é segurança....

E para este ser, Deus pôs o nome

MÃE!



Francine (9 de maio de 2004).


\<~~´`^'_Feliz dia das mães!!_'^´`~~>/

segunda-feira, abril 20

No seu coração


No salão de entrada do coração, todos aguardavam enquanto o mistério, remetente do convite que tinham nas mãos, não chegava.

A alegria quis fazer amizade, e começou: estou contente hoje!

A inveja completou: eles estão mais! a vingança bravejou: vamos acabar com eles!

A tristeza lamentou: mas pra quê? só é feliz quem tem alguém do lado!

A solidão, que era cega, apoiou: e estou tão sozinha, desiludida!

a ilusão esclareceu: me enganaram! é tudo uma mentira!

a mentira dissimulou: quê isso? não fui eu! foi ele... e atingiu a todos!

o orgulho se defendeu: digam o que bem entenderem, ninguém me atinge!

a saudade se lembrou: mas teve época em que você se dobrou... foi o amor!

todos gritaram efusivamente: Isso! Foi o amor! A culpa é toda dele!

a esperança se pronunciou: mas acho que ele ainda vive! Vamos esperar!

a covardia sussurrou: acho que é melhor irmos embora! E se ele estiver machucado... pode causar algum dano a nós!

o medo a acompanhou: é.. e se... e se... e se... Mas a coragem cobriu sua voz, não deixando que ouvissem suas condicionais: Vamos aguardar. Não! Melhor! Vamos atrás do mistério que nos convidou! Vamos descobrir o porquê da reunião de todos os sentimentos!

a fé ponderou: vamos aguardar! Ele aparecerá!

a timidez e a insegurança se abraçaram e se esconderam.

A ganância disse que daria todas as informações sobre os pontos fracos do amor para quem pagasse bem!

A lealdade a lembrou sobre as juras de guardar estes segredos!

O tumulto estava feito!

Quando a paixão chegou gritando: Acho que é o amor! É ele! Ele está vindo!E então todos se calaram! Quando uma voz suave e doce tomou o ambiente, sem se mostrar: O mistério sou eu!

Quero que saibam que existem por minha causa, mas que trabalham para a felicidade e o progresso. Eles levam tudo o que vocês trazem para a balança do bem-estar, para depois ser guardado na memória. Mas não se esqueçam que devem sempre me comunicar sobre tudo o que acontece!

A pressipitação interrompeu rapidamente: a honestidade tem algo a dizer! Ela, então, contou tudo o que havia se passado, sem torcer ou omitir qualquer fato e fala.

A curiosidade correu por todos os cantos, perguntando incessantemente: mas cadê você? quem é você?!

E a voz continuou, docemente: estou aqui! estive desde o início e estarei até mesmo quando se esquecerem de mim.

Todos olhavam ao redor... a desconfiança sussurrava a cada um: será que é ele?! alí do lado! Ou aquele... talvez esteja disfarçado!

A voz tornou a dizer: sim! às vezes estou disfarçado, em muitos momentos não me reconhecerão!

Podem me expulsar se quiserem, e permanecerei quietinho, até que me chamem de volta!

A solidão reclamou: mas sou cega! como posso te encontrar? Nunca vejo ninguém ao meu lado!

A caridade, que estava apenas observando, se pronunciou: deixe que eu a ajudo a encontrá-lo! Eu reconheço esta voz! sei quem é o sentimento misterioso!

A docilidade confirmou: eu também a ajudo! Vamos procurar este mistério...

A voz, então mais satisfeita, disse: já disse, estou aqui! Basta que fechem os olhos para me ver! Solidão, sinto muito! Talvez nunca me encontre, mas sempre poderá ouvir o que a saudade tem a lhe contar sobre mim! Inveja, mentira, vingança, orgulho e ganância, vocês podem tentar me matar! timidez, ilusão, covardia e medo, vocês podem me esconder, mas é por isso que tristeza existe para chorar. E quando isso acontece, a lealdade traz a caridade, que falará sobre mim, acalmando o remorso. E então a fé estará refeita, sairá de braços dados com a esperança e a curiosidade a me procurar, a coragem as levará de encontro à docilidade que está sempre comigo! Já a paixão, esta caminha com ambos os grupos... e por isso é comum encontrá-los misturados, e às vezes confusos. Mas lembrem-se que estarei sempre aqui! Fechem os olhos e nunca se esqueçam de onde estão... Aqui, meu nome é amor! Mas vocês podem ouvir falar de mim em companhia de qualquer um de vocês... a amizade não me abandona! E por isso estou sempre aqui... basta fecharem os olhos e me enxergarem dentro de si, no íntimo do seu coração!


Francine.

segunda-feira, abril 6

O que é?!



Vai. Anda. Olha de perto...

O que você vê? Tem forma definida?
Está pertinho? Está parado ou se movimenta?
É colorido? Preto e Branco? Envelhecido?
É gente ou coisa ou indefinido? Brilha?
Que cheiro tem? O que te faz lembrar?
Que temperatura você sente? Que música ouve?
Pode tocar? Tem palavras? Você pode descrever?
Faz ter vontade de escrever? Cantar? Dançar ou rir?
Você se sente leve? Quer falar? Sorrir? Chorar ou fugir?
Falar? Silenciar? Está ventando? Chovendo? Ou faz sol?
Será que aquilo é um arco-íris?
Está parado ou se movimenta?
O tempo passa ou pára?

Vai. Anda. Responde.
É tudo isso? E não é nada?

Você pula, rodopia, flutua, chora e ri, sonha, lembra, canta e grita, e tudo pára e depois já passou?
E se sente livre e quer se prender, se amarra e silencia, brilha e é colorido, e o cheiro é doce e as palavras faltam?
E você não sabe se está perto o suficiente? E a música te alcança? E a lembrança vem, e o riso aparece e os olhos brilham?

Vai. Anda. Assume.
... é assim mesmo!



Francine.

segunda-feira, março 9

Amigo Céu


O grande céu, pode ser azul... bem clarinho, quando está amanhecendo e todos desejam Bom dia!À tardinha, vai se enfurecendo com o que fazemos do nosso dia... fica vermelho, com vergonha de quem ele encobre todo o tempo...Estressados, ansiosos e agitados, não olhamos mais para cima, perdemos a esperança do dia, poluimos nossas amizades e amores. O grande céu, com tristeza e melancolia, começa a acinzentar a melodia dos pássaros, que tristonhos vão dormir. Cada um para sua casa, sua tv e internet, foge do céu, metendo um telhado no meio. O céu foge para dentro da escuridão, e lá choramingando orvalhos de decepção começa a ouvir as orações para um novo dia melhor! Então se recompõe, brilha estrelas de esperança e resolve retornar... mas de mancinho... clareando aos poucos, vai mostrando sua fé em nós... Desejamos Bom dia, e ele nos mostra o Sol! O grande céu, pode ser azul... bem clarinho... Mas o que aconteceu pra hoje amanhecer chovendo?


Francine.

segunda-feira, fevereiro 9

Tuu... Tuu... Tuu...


Não estou presente para as situações que me chateiam!
Não estou a fim de ouvir reclamações!
Para os que me querem mal, não estou!

Em horário de almoço!
Estou com fome de sinceridade e sorrisos!
Estou me alimentando dos brilhos dos olhares
Tenho sede do que é espontâneo e natural!
De sobremesa, quero a doçura de todos os sentimentos!!
Se o amargo da vida quiser falar comigo,
se amores estragados e azedos abraços me procurarem...
Estou em horário de almoço! Volte depois!

A ausência matou a esperança
e a ganância assassinou a gentileza!
A noite parece longa
se solidão chora como criança!
Luto!
O coração morreu de saudade
de tudo aquilo que é positivo
A flor não desabrochou e a chuva não caiu!
O mundo se fechou! Estamos de luto!

Fui viajar ao meu interior
apaguei a luz de fora e me cobri dos pés à cabeça
estou segura dentro de mim!
encarei a covardia de descobrir o existente
caminhei contra o forte vento de outono
que soprava minhas lembranças para longe!
Na escuridão, o silêncio se torna fortaleza
Na solidão, o pensamento me aquece, me esclarece
Tece uma nova rota e permite que o jardim floresça!

Se a neve do egoísmo quiser me invadir,
digo a ela que não estou!
O alimento que o inverno busca
não é o que posso oferecer!
Se a inveja me procurar,
não se esqueça, fui viajar!
O que me machuca bate à porta. Mas não me importa!
O mundo fechou! Estamos de luto!
Se tristeza e melancolia vierem, sinto muito, não estou!
Apaguei a luz, fechei a porta e me encontrei! Fui viajar!
Deixe seu recado após o sinal...

Francine.

segunda-feira, janeiro 26

Arco-íris


Não adianta tudo colorido! Certinho não fica bem... Curve, entorte, desforme, incline... que no fim você acha um pote cheio do que quiser... porque o ouro é de uma ou duas cores, mas não colore o meu dia, nem me faz feliz!
...
Quero meu pote de amigos, e você?


Francine.

segunda-feira, janeiro 12

Poesia sem nome - parte final.


Um olhar que me atravessou
e palavras que me convenceram
Um beijo que me roubou
e sentimentos que me invadiram

Se a porta se abre, não é você
É apenas o vento a me avisar
que este murmúrio é do outono
e não das suas declarações

Sussurros e ruídos, que não são seus
Não são seus passos ao meu encontro
Nem são suas roupas roçando as minhas
Tampouco sua barba em minha pele

Canções que não são as suas
me fazem percorrer no tempo
ouvir sua voz e o silêncio do seu olhar

O trote dos cavalos me engana, engana...
meus ouvidos acostumados às batidas do seu peito
meu coração a pulsar sincronizado ao seu
meu olfato que busca incessantemente pelo seu perfume
e o frio das minhas mãos não aquecidas... estão esquecidas
estão abandonadas e estão sozinhas! E tão vazias!

E o que resta são vestígios deixados por você
vestígios de uma ferida, e lembranças de um sonho!
Francine.

quarta-feira, dezembro 17

Poesia sem nome, sem fôlego e sem intenção.



Quase sem fôlego começo a pensar
o que poderia escrever que fosse
sensivelmente sincero
ternamente saudoso,
infantilmente ingênuo,
suficientemente alegre
e amorosamente envolvente.


Me impulsiono em direção à folha
mas me faltam as palavras,
me sobram reticências
e me escapam os suspiros
pela boca ressequida e muda
que esquecera de dizer
o que era desnecessário
mas pungente e vivaz.


O que não era antes,
mas depois de cultivado
agora tem força arrebatadora
e dança velozmente por entre meus pensamentos,
sentimentos e palavras... palavras não!
Estas me faltam, fogem e flutuam
na velocidade do vento formado
nas turbulências dos meus suspiros.


As palavras sempre escoam
por entre o vácuo formado
pela falta e o vazio de você
e o tempo que se afasta
e me olha, encara e convence.
Convencer do quê?
Talvez apenas de que não importa
o quão sejam necessárias as palavras,
para que em um olhar eu me perca
e em um instante perceba
que mesmo sem saber o que seria perfeito
ou o que deveria ser escrito, ou dito,
sei o quanto sou capaz de sonhar!




Francine.

terça-feira, dezembro 2

Poesia sem nome


... e confiei ao que meu desejo dizia
a sorte de me fazer sorrir
E ele, com voz doce e envolvente
foi me fazendo acreditar,
acreditar que tudo o que seus olhos me dizem é verdade
uma verdade que me inebria e me faz sonhar
Sonho ou verdade, desejo, sorte ou confiança,
o que ainda se mantém e me mantém
é o brilho dos seus olhos
e a minha teimosa esperança.


Francine.

segunda-feira, novembro 24

Plumas Leves


Que a vida em plumas leves

leve o meu pesar,

pois o que de sonhos eu tinha

já me levastes

leve como pluma ao ar.


Se meu lamentar te serves,

me acolha do luar,

para a lua que me serve

não torne a me contentar.


Pois para a vida já me basta

não ver que a lua viva a brilhar, flutuar.

E que mão da minha amada,

recatada e pálida e fria,

ao segurara flor viva,

exala o aroma de luar

da minha amada,

a causa de meu pesar.


Não quero mais este luar

a pesar em meu peito!

Cerre-me os olhos

Oh flor de meu pesar.

Leve-me contigo, ao abrigo do luar.


Falta me faz o tempo sereno,

em que mirar, eu podia,

aos seus olhos o luar.

Que me falte o ar!- não!-

Que me sobre o ar!!

E que me sopres pelo vento,

me leves.....Como plumas leves pelo ar.


Francine.

segunda-feira, setembro 22

Que vida?


Que Vida?

A vida não é só viver
Sobreviver pra quê?
se não se sabe sonhar?
se não se pode ganhar?

Mesmice do sertão,
igualdade na falta:
de amor, de alegria, de gente.
Gente que só ouve não.
Onde não há mesa,
nem mesmo há o pão!

Trabalhar ainda,
sem esperança, sem cobiça,
sem ganância.
Ver a seca, a fome e a desilusão.
Ser alguém sem ter brio
Dizer amém e ir além...

Quando chega o alívio, no escuro,
esquecer do homem,
da diferença e da cobiça
É a morte naquela capa,
que sufoca e seduz
aquele povo capaz
que carregava sua cruz
Com a sina...
da briga,
da luta pela luz
do sol, da flor da vida...
Mas, Que Vida?
Francine.

segunda-feira, agosto 4

Figuras de um protótipo de poema.





Vento, luz, som,

velocidade de substantivos.

Cérebro codifica imagem,

vista e paisagem: catacrese da vida,

ao visto que não é vivo.


Sangue, cada vez mais ativo

na palavra, do poema um cativo.

O coração pulsa sem contagem

Disparado, louco, frenético e sem limite.


Esfera, tinta e corpo,

treme, sua, trabalha.

A força se enfraquece,

a hipérbole não lhe atinge.

Escrever, cair ou fugir...

A falta da língua, do domínio

É a dúvida que lhe atinge.


Veneno e antídoto;

Paradoxo da verdade,

mocinho sem bandido:

É a vida quando corre,

quando corre sem sentido.


Tic-tac, o tempo

Onomatopéia sem fim.

A antítese sem filtro

sem parar dentro de mim.


Significados das palavras

quando nunca dizem sim.
A vida em verso confuso

que exprime tudo

em fundo um contido:

Em único a palavra

A palavra e seu (sem) sentido.


Francine.

segunda-feira, maio 12

O Último Adeus.




A mão, já cansada e calejada, segura trêmula a caneta sofrida que, sangra no papel, apenas para dar-lhe a vida, como a mãe ao dar a luz. Este filho, como tantos da parideira esferográfica, terá sentidos e ações, é o que deseja seu pai, a mão. Como uma droga, viciará seu leitor, e só viverá deste vício, pois apenas com um “drogado” é que sua vida toma forma.
Terminado, este filho que poderá ser considerado apenas um rascunho, um esboço, e então, rasurado irá se juntar a seus irmãos em uma velha gaveta esquecida, ou ao cesto, onde descansará e não terá a oportunidade de viciar a ninguém, nem de ter aquela vida que lhe foi prometida por uma trêmula mão esperando o sucesso almejado, ou então, o filho não terá o reconhecimento de seu pai, porque será considerado publicação póstuma.
Esta é a conclusão que se chega após ver a inseparável amiga, companheira e rival, a mãe de tantos filhos, que com amor foram criados, cair por sobre a mesa porque seu comparsa, seu cúmplice, o pai, a larga dando adeus à sua rotina, à sua estrada, por tanto tempo caminhada com dedicação, se despedindo de seus filhos, nunca antes publicados. Já sem cor, com o último suspiro, dá seu último adeus.


Francine.

segunda-feira, março 3

Sonhar é melhor que nada - Luís Fernando Veríssimo

Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere... Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde. Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha. Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos. Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias. Brigar me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago. Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano. E telejornais... os médicos deveriam proibir – como doem! Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada. Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde. E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda. Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna. Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau! Cinema é melhor pra saúde do que pipoca. Conversa é melhor do que piada. Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor. Amigos são melhores do que gente influente. Economia é melhor do que dívida. Pergunta é melhor do que dúvida. Sonhar é melhor do que nada.

segunda-feira, janeiro 14

Reticências Iniciais.


...

Quero a caneta, o papel, a história, o poema
Assim como criança quando chora esfomeada
Mas quando antes da história
há um pré, já uma certa história,
nada mais me faz rir
Nem há a festa que brilhava em meus olhos;
É refletir o vão, o vácuo, o esperar...

O encantamento de um sonho
que falseava por entre meus pensamentos,
sentimentos, flores, ares, esperanças...
Morre deste modo, por entre meus dedos,
o versinho, que de fraco não viveu.
É por motivos estes
que me entoja a introdução
Náusea é, ao bailar suavemente
um prefixo em minha história
Reticências rimadas ou não.

Dou meu salto precursor,
Trêmulas as pernas que me fazem voar,
Voar diretamente ao meio,
para que não caia em profundo medo
apenas ao pensar em começo.
Me fascina a tentação do desenvolvimento,
que me hipnotiza até o ponto final, meu desfecho.
É então que sem poder, percebo...
Fui vencida pelo medo, domada pelo temor.
Antes, pois, de minha história, de meu querer,
já havia um pré: a caneta, o papel,
o desejo, o verso e as reticências...


Francine.