segunda-feira, maio 12

O Último Adeus.




A mão, já cansada e calejada, segura trêmula a caneta sofrida que, sangra no papel, apenas para dar-lhe a vida, como a mãe ao dar a luz. Este filho, como tantos da parideira esferográfica, terá sentidos e ações, é o que deseja seu pai, a mão. Como uma droga, viciará seu leitor, e só viverá deste vício, pois apenas com um “drogado” é que sua vida toma forma.
Terminado, este filho que poderá ser considerado apenas um rascunho, um esboço, e então, rasurado irá se juntar a seus irmãos em uma velha gaveta esquecida, ou ao cesto, onde descansará e não terá a oportunidade de viciar a ninguém, nem de ter aquela vida que lhe foi prometida por uma trêmula mão esperando o sucesso almejado, ou então, o filho não terá o reconhecimento de seu pai, porque será considerado publicação póstuma.
Esta é a conclusão que se chega após ver a inseparável amiga, companheira e rival, a mãe de tantos filhos, que com amor foram criados, cair por sobre a mesa porque seu comparsa, seu cúmplice, o pai, a larga dando adeus à sua rotina, à sua estrada, por tanto tempo caminhada com dedicação, se despedindo de seus filhos, nunca antes publicados. Já sem cor, com o último suspiro, dá seu último adeus.


Francine.