segunda-feira, julho 13

Um debate interno - mente.



Tantos pássaros, o azul limpo, macio, alegre e quieto, tranqüilidade à sombra dos cantos e pios, que só festejam aos meus olhos.
Abaixo, sob os pés, o fogo, vermelho, brasa, queima e dilata, corrompe, chora, grita e sofre.
Com o rosto à brisa morna, reflito, choro, sorrio, cerro os olhos e sinto, o branco na nebulosa e macia imensidão, vasta ilusão, esperançosa e aflita.
A ansiedade me toma, abro novamente as cortinas deste esplêndido cenário, de braços com a felicidade atormentada dos vivos, cabelos ao vento frio e aconchegante da solidão intimista e evolutiva dos chamados “mortos”.
Corro pelo campo imenso da mente, do inconsciente, sem me mover percorro, com a frágil velocidade do som do meu riso, meu coração se espalha sem tocar o chão, como a procurar o suave e penetrante aroma das flores que paira ao meu redor e me abraça, inebria, fortalece e me derruba sobre folhas secas, nariz à terra, volto ao fogo, à brasa, assusto, estremeço. Repentinamente asas, auréola: anjo?, não. Ilusão, fantasia... Me debato.
Janelas abertas ou trancadas à interpretação da mente, dos sentimentos. Face aparente belíssima, enganadora alegria de fracos, maciez de roseira, ludibriosa e viciosa, paradoxa, que é filha da ganância dos humildes simplistas e irmã do orgulho nobre da plebe, que me entontece, judia, influencia... Me debato.
Novamente os pássaros, as copas das árvores, mas com o toque fugaz do silêncio mórbido e perturbador do sono de um detento, cárcere de sua mente: Eu. de seus limites: Eu... Debato-me.
Equilíbrio, me prendo às correntes das fronteiras imaginativas da solidão interior, calmaria, morte de tudo quanto é vivo e ágil, veloz. Cessa o choro complacente que não vê a luz obscura das entrelinhas da felicidade confortável, porém pontiaguda e estreita de uma sonhadora mente... Não me debato.
De pés atados ao verdadeiro ponto de partida, pista vasta e espinhosa, ou justa e gratificante, reta de chegada: Eu. Vejo-me com equilíbrio, agora flutuo sobre a brasa, mas não alcanço os pássaros, a brisa não me toca, nem anjos, nem o vermelho chegam a mim... Apenas flutuo sobre o almejado equilíbrio do debate interno humano, quanto à mente, quanto ao sonho, quanto à verdadeira realidade. Não me movo, apenas a constância, a indiferença ao universo, pairo no tempo, nos sentimentos, no conflito... Equilíbrio... Ponto.



Francine (2004).