segunda-feira, abril 20

No seu coração


No salão de entrada do coração, todos aguardavam enquanto o mistério, remetente do convite que tinham nas mãos, não chegava.

A alegria quis fazer amizade, e começou: estou contente hoje!

A inveja completou: eles estão mais! a vingança bravejou: vamos acabar com eles!

A tristeza lamentou: mas pra quê? só é feliz quem tem alguém do lado!

A solidão, que era cega, apoiou: e estou tão sozinha, desiludida!

a ilusão esclareceu: me enganaram! é tudo uma mentira!

a mentira dissimulou: quê isso? não fui eu! foi ele... e atingiu a todos!

o orgulho se defendeu: digam o que bem entenderem, ninguém me atinge!

a saudade se lembrou: mas teve época em que você se dobrou... foi o amor!

todos gritaram efusivamente: Isso! Foi o amor! A culpa é toda dele!

a esperança se pronunciou: mas acho que ele ainda vive! Vamos esperar!

a covardia sussurrou: acho que é melhor irmos embora! E se ele estiver machucado... pode causar algum dano a nós!

o medo a acompanhou: é.. e se... e se... e se... Mas a coragem cobriu sua voz, não deixando que ouvissem suas condicionais: Vamos aguardar. Não! Melhor! Vamos atrás do mistério que nos convidou! Vamos descobrir o porquê da reunião de todos os sentimentos!

a fé ponderou: vamos aguardar! Ele aparecerá!

a timidez e a insegurança se abraçaram e se esconderam.

A ganância disse que daria todas as informações sobre os pontos fracos do amor para quem pagasse bem!

A lealdade a lembrou sobre as juras de guardar estes segredos!

O tumulto estava feito!

Quando a paixão chegou gritando: Acho que é o amor! É ele! Ele está vindo!E então todos se calaram! Quando uma voz suave e doce tomou o ambiente, sem se mostrar: O mistério sou eu!

Quero que saibam que existem por minha causa, mas que trabalham para a felicidade e o progresso. Eles levam tudo o que vocês trazem para a balança do bem-estar, para depois ser guardado na memória. Mas não se esqueçam que devem sempre me comunicar sobre tudo o que acontece!

A pressipitação interrompeu rapidamente: a honestidade tem algo a dizer! Ela, então, contou tudo o que havia se passado, sem torcer ou omitir qualquer fato e fala.

A curiosidade correu por todos os cantos, perguntando incessantemente: mas cadê você? quem é você?!

E a voz continuou, docemente: estou aqui! estive desde o início e estarei até mesmo quando se esquecerem de mim.

Todos olhavam ao redor... a desconfiança sussurrava a cada um: será que é ele?! alí do lado! Ou aquele... talvez esteja disfarçado!

A voz tornou a dizer: sim! às vezes estou disfarçado, em muitos momentos não me reconhecerão!

Podem me expulsar se quiserem, e permanecerei quietinho, até que me chamem de volta!

A solidão reclamou: mas sou cega! como posso te encontrar? Nunca vejo ninguém ao meu lado!

A caridade, que estava apenas observando, se pronunciou: deixe que eu a ajudo a encontrá-lo! Eu reconheço esta voz! sei quem é o sentimento misterioso!

A docilidade confirmou: eu também a ajudo! Vamos procurar este mistério...

A voz, então mais satisfeita, disse: já disse, estou aqui! Basta que fechem os olhos para me ver! Solidão, sinto muito! Talvez nunca me encontre, mas sempre poderá ouvir o que a saudade tem a lhe contar sobre mim! Inveja, mentira, vingança, orgulho e ganância, vocês podem tentar me matar! timidez, ilusão, covardia e medo, vocês podem me esconder, mas é por isso que tristeza existe para chorar. E quando isso acontece, a lealdade traz a caridade, que falará sobre mim, acalmando o remorso. E então a fé estará refeita, sairá de braços dados com a esperança e a curiosidade a me procurar, a coragem as levará de encontro à docilidade que está sempre comigo! Já a paixão, esta caminha com ambos os grupos... e por isso é comum encontrá-los misturados, e às vezes confusos. Mas lembrem-se que estarei sempre aqui! Fechem os olhos e nunca se esqueçam de onde estão... Aqui, meu nome é amor! Mas vocês podem ouvir falar de mim em companhia de qualquer um de vocês... a amizade não me abandona! E por isso estou sempre aqui... basta fecharem os olhos e me enxergarem dentro de si, no íntimo do seu coração!


Francine.

segunda-feira, abril 6

O que é?!



Vai. Anda. Olha de perto...

O que você vê? Tem forma definida?
Está pertinho? Está parado ou se movimenta?
É colorido? Preto e Branco? Envelhecido?
É gente ou coisa ou indefinido? Brilha?
Que cheiro tem? O que te faz lembrar?
Que temperatura você sente? Que música ouve?
Pode tocar? Tem palavras? Você pode descrever?
Faz ter vontade de escrever? Cantar? Dançar ou rir?
Você se sente leve? Quer falar? Sorrir? Chorar ou fugir?
Falar? Silenciar? Está ventando? Chovendo? Ou faz sol?
Será que aquilo é um arco-íris?
Está parado ou se movimenta?
O tempo passa ou pára?

Vai. Anda. Responde.
É tudo isso? E não é nada?

Você pula, rodopia, flutua, chora e ri, sonha, lembra, canta e grita, e tudo pára e depois já passou?
E se sente livre e quer se prender, se amarra e silencia, brilha e é colorido, e o cheiro é doce e as palavras faltam?
E você não sabe se está perto o suficiente? E a música te alcança? E a lembrança vem, e o riso aparece e os olhos brilham?

Vai. Anda. Assume.
... é assim mesmo!



Francine.